LAST FLOWERS

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meu corpo cansado,
refém do infinito da minha alma
Deixa-me inconsolável,
fragilidade de inserto sendo engolido pela memória,
mulheres e homens estão com suas cabeças a baixo da terra
que treme de angustias calmas,
a profundidade é maior quando cai uma lágrima
criando uma enorme onda que afogará o infinito de nós,
sinto um pequeno oceano,
persisto no impossível,
o absoluto é um fracasso nesse instante.
e o instante é uma escavação crepuscular,
segundos perfuram minha inconsciência,
letras de musicas inesgotáveis embalam a boca da noite,
às vezes eu acho que ninguém ao meu redor esta bem...
todos têm uma angustia inesgotável,
todos têm memórias que viram nuvens e atravessam a manhã,
todos os rostos dos meus amigos parecem se
contorcer de submersas infinitudes
como vulcões que rasgam as galáxias e devastam a transcendência,
sinto que meu presente horizonte submerso
é uma carta futurista que se repete,
fui seduzido pelo tempo-espaço mas
não me entreguei completamente,
nossas imagens, nossas almas, nosso infinitos se confundem,
a persistência em respirar se confunde
com a persistência de um poema,
e quando persiste um poema é
quando a alma não desiste de si mesma,
preciso de um poente,
nesse instante preciso de um poente,
preciso de um poente nesse poema,
preciso de um poente nessa manhã monitorada
pelos satélites frios que balbuciam ordens,
preciso de um poente antes de preparar
as portarias milionárias no meu trabalho,
preciso de um poente antes que gesticular sem sentido
na borda do abismo da aurora e
caminhar dentro de um meteoro
rumo ao mar das ausências reprimidas,
não afundo quando mergulho em mim mesmo
eu afundo quando submerjo do meu próprio interior,
uma angustia que vem fora engoela minha lembrança
como um tubarão que almeja engolir o oceano inteiro,
abandonei minha respiração
agora sinto o inalcançável
quero me apaixonar por essas horas solitárias
olhando-a no rosto,
minha febre cotidiana perece um trem a todo o vapor
que percorre os umbigos do vazio
quando eu descarrilo a noite,
vivo dois universos paralelos,
eu e o cotidiano somos parceiros
antes do crepúsculo
e depois somos um com a noite,
fabrico meu mundo sempre...
fabrico a bomba de ventos e nuvem perfeitos,
fabrico meu próprio poente
fabrico meu próprio crepúsculo e auroras
fabrico a eternidade,
fabrico meu ser para ele ser
o sexto dos cinco sentidos do mundo,
fabricos universos inteiros
mas não encontro nenhum deles agora,
então saio de mim,
tomo um ar num confim solitário,
nesses instantes escuros e frios
sinto uma solidão medonha que me abocanha,
amarro meus quatro cantos
nos quatro cantos desse poema e
ele leva-me para longe.


De: João Leno Lima

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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