TRANSCRIÇÃO ESTRELAR

1
17:37
Hoje não quero maltratar minhas notas conclusivas do tempo;
Não quero desaparecer na imaginação monstruosa dos acontecimentos;
Não quero nos meus seios as mãos grosseiras da dor nem os fantasmas da percepção vagueando pelas ruelas crepusculares da minha voz, interceptando o sentimento e a vida como um guarda metafísico cumprindo a burocracia urbana.
Dispenso a boca enorme do medo que destrói a força e me deixa neste estado de alimento em digestão do mundo esperando para ser defecado liquidamente pelo cu do Universo e sempre me escarra insultos e humilhações abstratas, porém não deixo de desejar te-la entre as pernas da minha libidinosa galáxia pois gostaria de acalma-la em sufocamentos profundos.
Não deixarei as bruxas mal amadas da insegurança sussurrarem ao meu ouvido os depoimentos de incerteza e sofrimento obscuro entalados na garganta inflamada do caos que lateja como um batimento cardíaco infantil na assustadora gruta trágica da lágrima dependurada nos cantos imaginários da existência e sempre goteja e não termina e sempre maltrata e encharca as flores dos sonhos quando estão em suas primaveras querendo desabrochar na película sensível da minha alma... Agora acreditarei no sol, o bom sol que salvará meu peito do inverno escuro e tristonho e fará luz nos quartos sombrios da minha verdade quando a cara da poesia estará na janela esperando a iluminação das palavras no momento que Ginsberg esteja digno para a chegada do poema, no momento em que Mardou espera estar aquecida, no momento das cartas de amor saltarem para dentro das portas da realidade, no momento em que os poetas serão condenados no tribunal do Cosmo à Eternidade dos sentimentos.
Quero a luz da liberdade interior para preencher o meu vazio, para curar a cegueira psicológica que me faz tropeçar para os abismos da concordância e me faz confundir a intenção de todas as coisas, me faz ser atropelada pelos carros do cotidiano nas pistas surrealistas de horizontes inalcançáveis das coisas mais simples, me faz ridícula perante todos os rostos sociais que riem e me assombram toda noite antes de dormir apontando dedos fascistas e obscenos por todo meu corpo nu como uma tortura greco romana em cenas de ficção científica.
Todo o transe energético percebido por detrás dos olhos inebriados da noite que rompa os portais ultrapassados de si mesmo e alcance o terreno abandonado na periferia do cérebro e construa edificações astrológicas com muralhas musicais dentro de mim para que eu possa compor a canção tema do drama em miniatura da mais inominável das imagens fragmentadas do mural dos sonhos abandonados e desejos sem pontos de exitação.
Mas não quero cantar o fracasso da estética cheia de fraturas das manifestações murchas do meu oceano interno nem molestar as crianças lunáticas da existência com o grunido cheio de cos e tentáculos maníacosda voz da tristeza e decepção pois elas devem respirar longe deste ar com oxigênio mortífero que asfixia os sentidos eafunda os rostos das emoções em travesseiros suicídas.
Quero terminar esta ode despertica de depoimentos vomitados por um estômago nausedo pelas amebas do cansaço e dedos sujos de vísceras mundanas na garganta e poder envenenar todas as doenças da alma uma a uma e deixar esta dor tirana se arrastando agonizando pelos corredores da desistência onde já me esfreguei por tantas vezes sentindo as dores cheias de furacões cósmicossecos que desejam beber a fonte apoteótica do profundo de nós mesmos. Me recuso a servir de alimento para as ratazanas fantasmagóricas da consciência pois a vida me satisfaz e a poesia é o vinho nas veias da minha percepção uivante.
Hoje não me importo com a tragédia da alma.

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

Um comentário:

  1. Esse Poema me traz uma inquietação colossal com esperança, em meio ao caos e aos cacos há um sentimento de rendenção e entrega ha um horizonte melhor que sua paisagens se nutre.

    um poema Antologico como estetica e doloroso como ser.

    ResponderExcluir