O mito do aquecimento global

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O fato importante é que a defesa do modelo CO2 de aquecimento global, incluindo aí a dos painelistas do IPCC, usa como argumento fundamental a antiga suposição de relação geológica causal entre CO2 e clima?


Paulo César Soares, doutor em Ciências e professor sênior na Universidade Federal do Paraná (UFPR, p_soares@terra.com.br). Artigo enviado pelo autor ao ?JC e-mail?:

Durante recente reunião de ministros da União Européia, o novo presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Ragendra Pachauri, transmitia as conhecidas ameaças, vistas nos sucessivos relatórios dos últimos 16 anos, reforçado no quarto relatório da instituição da ONU, de maio de 2007.

Ameaças de maior freqüência das ondas de calor e das enchentes, bem como o derretimento das geleiras e comprometimento das cidades litorâneas fazem parte do arsenal de argumentos para convencer os governos da ameaça das mudanças climáticas.

As revistas especializadas multiplicaram seus índices de citação, enquanto a mídia tem dado eco às previsões catastróficas do IPCC e das ONGs conservacionistas, caso o problema das mudanças climáticas não seja gerenciado, com a redução das emissões de gases de efeito estufa, em especial do CO2. Por outro lado, sucessivas notícias e estudos têm revelado que a energia nuclear, a opção energética na primeira crise do petróleo, embora demonizada, há 40 anos atrás, retorna como a energia limpa.

Do ponto de vista econômico, conhece-se apenas a ponta do iceberg. Do ponto de vista político, observa-se que as mais desenvolvidas nações apresentam elevada reticência na credibilidade da teoria do aquecimento global do IPCC, apesar do apelo emocional presente.

Do ponto de vista científico a questão é ainda mais dramática, pois tem assumido a dimensão de crença. Isto não é uma novidade na ciência ou entre os cientistas. As ciências da natureza trabalham com um nível de complexidades que ultrapassam qualquer possibilidade de representação inequívoca da realidade. A verdade é sempre incompleta e tem um tempo de vida.

Um conceito, modelo ou teoria científicos são, muitas vezes, comparáveis a um mito. Quando paradigmáticos numa ciência, ao serem substituídos por outro modelo, assumem seu caráter mítico.

?O estilo mítico de pensamento é dar uma ênfase especial a uma conjetura científica, baseada tipicamente numa observação inicial ou reconhecimento de um fenômeno ao qual é dado status privilegiado relativamente a outras interpretações possíveis?, escreveu William R. Dickinson, editor associado da American Journal of Science. Muitos destes mitos são reconhecidos na história do conhecimento geológico.

O aspecto negativo dos mitos é o fato de adquirirem vida própria, tenderem a se perpetuar; se retroalimentam, se autoorganizam e se tornam resistentes, pois seus opositores têm que levantar dados e fatos mais conclusivos que as próprias evidências originais, mesmo que frágeis, do modelo, enquanto os defensores movidos pela nova onda andam de costas ou desacreditam os argumentos contrários, até que estejam cercados de evidências contrárias.

Como ciência histórica, a Geologia tem suas verdades fundamentadas nas observações, através da indução. Como ciência interpretativa se socorre da física e da química, na expectativa de que aquele princípio ou aquela lei se apliquem na complexidade dos fenômenos naturais, e melhor expliquem os fatos observados e façam melhores predições.

Como modelo preditivo, se sustenta na verdade indutiva e aplica o procedimento dedutivo. Como bem observou Chamberlin há mais de um século atrás, há que se considerar múltiplas hipóteses; senão, como saber a melhor? Há que se testar a predição, senão como falsear?

Foi o geólogo Chamberlin também quem propôs, entre outras, a hipótese do teor dióxido de carbono na atmosfera ser o responsável por um poderoso efeito estufa, implicando nas mudanças climáticas, as quais haviam então sido constatadas na história recente e antiga da Terra, com períodos glaciais e não-glaciais.

Testou mas não conseguiu comprovar em laboratório o poder de absorção e irradiação da molécula de CO2 suficiente para alterar o clima. Arrhenius tornou-se o principal defensor da possibilidade.

Estimativas de CO2 na atmosfera com base no volume de rochas vulcânicas, na relação entre vulcanismo e liberação de CO2, contrabalanceado com a quantidade de carbonato depositado, permitiram estimar um teor geo-histórico deste gás na atmosfera de até vinte vezes o valor atual de 0,03 por cento em volume. Isto explicaria climas quentes no passado geológico, apesar da então fraca radiação solar.

Na década de 90 diversos pesquisadores identificaram uma estreita correlação histórica entre teor de CO2 em bolhas de ar aprisionadas em centenas de metros de glaciares e a relação entre isótopos leves e pesados tanto para oxigênio como para hidrogênio, indicadores de volume de gelo acumulado nos glaciares e, portanto, de temperatura dos oceanos. A correlação verificada foi quase perfeita!

Teria sido então comprovada, um século depois, a esperada correlação CO2-atmosférico x temperatura. Para cada 18ppm de CO2 adicional na atmosfera ocorreria um aumento na temperatura de 1oC, concluíram importantes cientistas, como James Hansen e Makiko Sato, da NASA. Comprovara-se o poder do CO2 como fator principal do aquecimento global em cerca de 1oC no século e aquecimento maior estaria por vir. Modelos e mais modelos dedutivos foram construídos na tentativa de mostrar com detalhes cada vez mais espetaculares os efeitos maléficos do CO2.

O modelo CO2 de aquecimento global teve a adesão dos cientistas do IPCC e ganhou a mídia tanto científica como popular na condição de verdade incontestável.

Muitos outros cientistas contra-argumentaram. O registro geológico não confirma tal assertiva. Em vão.

Centenas de dados de teores de CO2 na atmosfera obtidos em inclusões minerais e de indicadores de temperatura, para o passado geológico, catalogados e publicados por cientistas como Shaviv e Veiser, há poucos anos atrás, também revelam a inexistência de indicação de que uma atmosfera mais rica em CO2 explicaria os climas mais quentes conhecidos.

Embora, tal como esperado, períodos frios correspondem a baixos teores de CO2 na atmosfera e vice versa, pois o aquecimento da água dos oceanos libera imediatamente volume geometricamente proporcional de CO2 para a atmosfera, e os absorve na medida em que esfria. Isto explica a correlação, mas não a causa.

Cientistas líderes defensores do modelo CO2 de aquecimento global ? este novo mito ? identificaram, entre outros, que há maior correlação ao se considerar o aumento de temperatura como antecedente ao aumento do teor de CO2 na atmosfera, mostrando que não é o CO2 o forçante do aquecimento, mas o aquecimento que força o aumento do CO2 na atmosfera. Mesmo vendo isto claramente, o argumento não foi considerado suficientemente convincente. Lembra a afirmação de Einstein: ?É a teoria que decide o que observamos?.

Da mesma forma, ao se examinar as variações decenais de temperatura, observa-se que há um aquecimento global, dominantemente continental, preferencialmente urbano e no hemisfério norte, contemporâneo com um aumento do teor de CO2, mas sem correlação, a exemplo do resfriamento global das décadas de 60 e 70. Por outro lado as variações quase trienais de temperatura da água dos oceanos, os efeitos La Nina e El Nino, constituem mecanismos de perda e acréscimo de CO2 na atmosfera, em volume oscilando entre 2 a 3 Gigatons, ou seja, equivalente à metade do volume anual de CO2 liberado pela queima de combustíveis fósseis.

O fato importante é que a defesa do modelo CO2 de aquecimento global, incluindo aí a dos painelistas do IPCC, usa como argumento fundamental a antiga suposição de relação geológica causal entre CO2 e clima, e desconsideram todo o volume recentemente disponível de dados e informações, que dão suporte científico à inexistência desta relação causal entre teor CO2 e temperatura, mas sim entre aquecimento, movido primariamente pela radiância solar, e enriquecimento atmosférico de CO2. A variação no efeito estufa não é negligenciável, mas o CO2 parece ser apenas uma pequena fração da absorção e irradiação comparada com o vapor d?água.

O CO2, bem como outros gases de efeito estufa, tem sim que ser considerado uma questão a ser compreendida e enfrentada, assim como a do uso inadequado dos recursos naturais, a do desperdício de energia térmica e a formação de ilhas urbanas de calor.

Certamente não seria para combater as ameaças das inevitáveis mudanças climáticas. Nisto os governos que não aceitaram as recomendações do IPCC, em que pesem as ameaças, não estariam incorretos, especialmente aquela de ampliação do uso de energia nuclear para substituir a derivada de combustíveis.

Nesta questão poderíamos recriar o princípio do atualismo de Charles Lyell, fundador da Geologia ?o passado como chave para o futuro?, e também lembrar Neil Bohr: ?... viver olhando para frente, mas a vida é compreendida olhando-se para trás?.









Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=57558

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