Bradley Manning, a fonte do WikiLeaks, preso político torturado nas masmorras de Obama

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O jovem ex-soldado do exército dos Estados Unidos, Bradley Manning, está preso na Base dos Fuzileiros Navais em Quântico, Virgínia, desde julho de 2010, sob a acusação pelo governo ianque de “conluio com o inimigo”. O Departamento de Estado americano o acusa de “vazar” documentos secretos do Exército para o WikiLeaks e divulgar na internet vídeo no qual militares estadunidenses metralharam e assassinaram a sangue frio dezenas de civis iraquianos desarmados. As condições carcerárias às quais está submetido Manning são as piores possíveis, além de serem totalmente ilegais. Não tem direito a habeas corpus, está em confinamento solitário num cubículo, é obrigado a ficar nu nos “interrogatórios”, impedido de dormir exposto a luzes intensas e vigiado 24 horas por câmeras de TV. Enquanto isso, Julian Assange... lança livros, prepara um filme produzido pelo hollywoodiano Steven Spielberg, abocanha quantias milionárias junto a ONGs e a grande mídia burguesa.

A prisão imediata de Bradley Manning é uma ilegalidade até mesmo do ponto de vista da Constituição americana em sua 6ª Emenda (todo acusado em qualquer processo criminal tem direito a julgamento rápido e público). Mas a situação é a tal ponto esdrúxula que a prisão foi justificada pelo porta-voz militar de Quântico, Coronel Thomas V. Johnson, em declaração ao Washington Post (15/3), da seguinte forma: “Manning foi colocado em custódia máxima porque sua fuga pode representar um risco para a vida, a propriedade ou à segurança nacional”. Para o Pentágono, este jovem franzino acometido por depressão e sem qualquer antecedente criminal, é um elemento de “alta periculosidade” que desafia o regime político ianque. Assim, o único “julgamento” a que Manning vai ser submetido é aquele que já o condenou a priori e, muito provavelmente, baterá o martelo pela prisão perpétua, não descartando-se a possibilidade da pena de morte devido à acusação de “alta traição”.

Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, é apresentado pela grande imprensa e por setores da “esquerda” como o responsável por colocar em xeque o establishment mundial a partir das revelações dos dados vazados por Manning. Seria ele um perigoso revolucionário como difunde a mídia venal mundo afora ou um militante das causas sociais como assevera a esquerda revisionista? Não. Muito longe disso!

O jovem soldado Bradley Manning foi o verdadeiro responsável por dar visibilidade mundial ao WikiLeaks. Captou os dados da “Net Centric Diplomacy”, um imenso arquivo que contém toda a corrupção e patifarias ianques provenientes da “diplomacia secreta” de todas as nações do planeta enquanto prestava serviço militar no Iraque. Na prática, é um centro ativo de espionagem intimamente vinculado a CIA. Manning forneceu a Julian Assange 250 mil telegramas secretos retirados destes arquivos, além do vídeo “Colateral” em que mostra o massacre de civis metralhados por um helicóptero americano em Bagdá em 2007. Em um dos diálogos dos soldados no vídeo aparece a ordem que muito bem expressa os “valores” do imperialismo ianque: “Light'em all up. Shoot” (“Acendam eles todos. Atirem” [nos civis]). Em consequência desta macabra descoberta, todos os “louros” da divulgação ficaram com Assange. A Manning restou o sofrimento da prisão e as feridas da tortura.

Assange, outrora um ilustre desconhecido, atuava no meio hacker sob a alcunha de “Mandrax” (o mentiroso). Define-se a si mesmo como um jornalista disposto a “democratizar as informações” e de modo algum enfrentar-se abertamente contra a democracia burguesa porque é parte integrante dela, na condição de liberal. Eis o supra-sumo de seu pensamento: “Ela [a web] não é uma tecnologia que favoreça a liberdade de expressão. Não é uma tecnologia que favoreça os direitos humanos. Não é uma tecnologia que favoreça a vida civil. É mais uma tecnologia que pode ser usada para estabelecer um regime totalitário de espionagem, de contornos nunca vistos. Ou, por outro lado, se tomada por nós, se tomada por ativistas e por todos aqueles que querem uma trajetória diferente para o mundo tecnológico, pode ser algo que todos esperamos”. A seu “dispor”, Assange tem um incomensurável banco de dados acumulados em nível mundial resultante da tecnologia da internet.

Hoje, com a fama adquirida, apesar das perseguições políticas, trata de colocar números em sua calculadora para planejar como será seu faturamento das parcerias com o The Guardian, El Pais, New York Times, Le Monde, Der Spiegel, ONGs e direitos sobre livros e filmes a respeito do WikiLeaks. Neste sentido, ninguém menos que Steven Spielberg já comprou os direitos do livro “WikiLeaks: Inside Julian Assange’s War on Secrecy” (Wikileaks: Por dentro da guerra de Julian Assange contra o serviço secreto), dos jornalistas David Leigh e Luke Harding, do jornal britânico “The Guardian”, para produzir um filme sobre a vida de Assange.

A tarefa da derrubada da diplomacia secreta e do modo de produção capitalista, portanto, só pode ser levada a cabo pela ação revolucionária do proletariado no enfrentamento direto com a ditadura dos bancos e megaempresas monopolistas transnacionais, as quais mantêm no limbo diplomático os chamados segredos comercias e militares. Julian Assange, nada tem a ver com os interesses do proletariado mundial, haja vista que defende a manutenção do status quo do sistema capitalista, de seu regime da propriedade privada e do monopólio dos meios de comunicação. Precisamente por isso, Assange entrega os documentos secretos à grande imprensa pró-imperialista, aos mais raivosos defensores dos grandes monopólios econômicos e dos interesses imperialistas dos EUA e Europa. Assange não é um ativista anti-imperialista como entusiasticamente proclamam setores da esquerda, os mesmos que relegam ao esquecimento o próprio Bradley Manning! Exigimos a liberdade imediata para Bradley Manning e não reconhecemos nenhuma autoridade moral no imperialismo e de nenhum Estado capitalista para encarcerar e perseguir o ex-soldado. Ao mesmo tempo nos opomos a toda sanha neomacarthista voltada a calar o WikiLeaks, sem nutrir a menor confiança política neste Portal de informações e muito menos no seu pérfido fundador, que abandonou Manning a própria sorte!

[07/04/2011; 18h20min]

 

MATÉRIA ORIGINAL EM > lbiqi

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